quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Mal -Amados

Os sem-amor, também conhecidos por sem-abrigo e por muitos outros nomes, não receberam o amor que qualquer ser humano necessita para ser saudável. Despidos do mais precioso bem que nos é dado conhecer e saborear, vagabundeiam pela vida vivendo um dia-a-dia sem passado nem futuro.

As carências básicas que têm casa, comida, saúde e muitas outras coisas, escondem a tremenda dificuldade em estabelecer ligações seguras, estáveis e duradouras com as outras pessoas.
Cresceram em instituições para crianças e ficaram precocemente longe dos pais e da família, que já não têm ou com quais já não comunicam.

Os consumos de álcool e drogas cruzaram-se com as suas vidas e são um penso rápido para uma ferida que não pode cicatrizar, impedindo apenas que o sangue se torne visível, isto é, que a maior dor de todas, a dor de pensar, não surja, porque ninguém suporta olhar-se completamente desprovido de amor.


As doenças mentais também têm a função de ocultar esta realidade tão cruel. O delírio passa por cima de tudo (“tenho muitas casas, sou o homem mais rico do mundo…! Casas? São para comer).
Tudo somado, com o álcool à frente, passando pelas drogas e pelas psicoses, temos cerca de 90% de indivíduos afectados pelos consumos e pelas perturbações mentais.
Persistir, persistir é a palavra-chave mais forte. O restabelecimento dos laços é possível, mas exige uma enorme tenacidade e persistência. O perigo de ruptura está sempre presente e as fugas inevitáveis. Há que estar preparado para os insucessos, para os fracassos, e para desilusões. E tentar criar condições para que o regresso seja possível. Depois das crises podemos todos crescer.




(fonte. Revista Cais)

Apresentação


Eu faço parte de um grupo de jovens sortudos que come quando tem fome, abre o armário de manhã escolhe entre a sua roupa toda boa qual vai vestir naquela manhã e todos os dias dorme numa boa cama. Sou uma sortuda, tenho família, amigos entre outras coisas.Mas existem nas ruas de Lisboa quando a noite cai milhares de pessoas sem sorte. Um pouco por toda a cidade cartões e plásticos tapam o frio a sem abrigos esquecidos por todos. Gente sem sorte na vida e sem comida.